Vou-me embora pra Pasárgada, Lá sou amigo do rei, Lá tenho a mulher que eu quero, Na cama que escolherei, Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada, Aqui eu não sou feliz, Lá a existência é uma aventura, De tal modo inconseqüente, Que Joana a Louca de Espanha, Rainha e falsa demente, Vem a ser contraparente, Da nora que nunca tive
E como farei ginástica Andarei de bicicleta Montarei em burro brabo Subirei no pau-de-sebo Tomarei banhos de mar! E quando estiver cansado Deito na beira do rio Mando chamar a mãe-d'água Pra me contar as histórias Que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo É outra civilização Tem um processo seguro De impedir a concepção Tem telefone automático Tem alcalóide à vontade Tem prostitutas bonitas Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste Mas triste de não ter jeito Quando de noite me der Vontade de me matar— Lá sou amigo do rei —Terei a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada.
E como farei ginástica Andarei de bicicleta Montarei em burro brabo Subirei no pau-de-sebo Tomarei banhos de mar! E quando estiver cansado Deito na beira do rio Mando chamar a mãe-d'água Pra me contar as histórias Que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo É outra civilização Tem um processo seguro De impedir a concepção Tem telefone automático Tem alcalóide à vontade Tem prostitutas bonitas Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste Mas triste de não ter jeito Quando de noite me der Vontade de me matar— Lá sou amigo do rei —Terei a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada.
Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90Manuel Bandeira: sua vida e sua obra estão em "Biografias".
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